A arte como arma de provocação e sabotagem



Allais estabeleceu situações de um humor espontâneo, tão suave e elegante como penetrante, com uma finura e um faro, prodigioso na destreza como lhe bastam duas pinceladas a partir de uma mistura de cores combinadas na paleta a partir de corpos esmagados de mosca, e com elas tanto pinta um aristocrata, uma dama com ânsias de rapto e histeria, uma beata ou mais algum dos universais cretinos, mas para lhes acertar nos queixos ainda lhes empresta caráter, rebentando as costuras do estereótipo. E não só é um maravilhoso retratista como trata o absurdo com umas tais confianças que o naturaliza, e ainda fideliza o leitor, por nunca falar para o boneco, mas dar-lhe o seu papel na trama. 

Diogo Vaz Pinto, num extenso texto dedicado a 63 Histórias de Humor e 1 Poema Melancólico, de Alphonse Allais, na edição de hoje do Jornal i.
Texto completo aqui: página 1 e página 2.

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